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POLÍTICA NACIONAL

CRE aprova Mariana Madeira para embaixadora do Brasil em Gana

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A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quinta-feira (25) a indicação da diplomata Mariana Gonçalves Madeira para o cargo de embaixadora do Brasil em Gana, Serra Leoa e na Libéria. A mensagem da indicação (MSF 92/2023) do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu parecer favorável da relatora, a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP). O nome da diplomata recebeu 13 votos a favor e nenhum contrário, seguindo agora para a análise do Plenário.

A representação brasileira nos três países é coordenada cumulativamente pela embaixada em Acra, capital de Gana. Segundo o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que leu o relatório de Gabrilli, os países estão em diferentes estágios no amadurecimento da democracia.

— Destaca-se a estabilidade do país [Gana], que conta com eleições periódicas, sem ruptura democrática, desde o ano de 1992, o que para um país africano é algo extremamente positivo. Em contraste, Serra Leoa está historicamente marcada por grave instabilidade. As últimas eleições presidenciais foram inicialmente contestadas pela oposição. Tendo sido alcançado acordo político no mês de dezembro, espera-se que a política interna seja finalmente normalizada […]. Após décadas de conflagrações internas, a Libéria tem tentado inaugurar período de maior estabilidade política, tal como a vizinha Serra Leoa. As últimas eleições presidenciais, ocorridas em 2023, transcorreram sem maiores episódios de violência — leu Mourão.

“Novo impulso”

Segundo Mariana Madeira, o relacionamento entre Brasil e Gana precisa de um novo impulso, pois houve diminuição de investimentos brasileiros antes mesmo da pandemia de Covid-19. Ela afirmou que pretende reforçar o intercâmbio bilateral, com priorização de quatro temas transversais.

— O primeiro [tema] é o combate à fome e a pobreza. O Brasil é um dos países mais demandados para compartilhar políticas voltadas para a redução da fome […]. O segundo tema é o cacau: [Gana tem] uma lavoura baseada majoritariamente na agricultura familiar. Nativo da Amazônia, o cacau é um elo de ligação do Brasil com a África. Gana e Costa do Marfim são os maiores produtores mundiais […]. O terceiro tema é uma prospecção na área de ciência e tecnologia e inovação. Nossos pesquisadores do laboratório Sirius [programa brasileiro de aceleração de partículas] receberam pedido de apoio para construção de acelerador de partículas em Gana. [O quarto tema é] o das indústrias criativas — disse a diplomata.

Ao comentar a fala de Mariana Madeira sobre os objetivos na relação com o país africano, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) destacou o programa Sirius, que, segundo ele, aconteceu principalmente com insumos nacionais e poderá auxiliar no intercâmbio bilateral.

— [O acelerador de partículas Sirius] foi desenvolvido 86% com tecnologia nacional, ou seja, tem todas as condições de ajudar o desenvolvimento de aceleradores semelhantes em outros países.

Cacau

Em 2022, o comércio com Gana totalizou US$ 305 milhões, com superávit brasileiro de US$ 288 milhões. Mas, segundo Mourão, o ano de 2023 esteve marcado por expressivo déficit devido ao crescimento de mais de 4.000% das importações de Gana. Apesar disso, Mariana Madeira afirmou que Gana tem dificuldades para se recuperar da pandemia de Covid-19. 

—  Gana é um país pequeno, mais ou menos do tamanho do estado de Rondônia. Depois da pandemia a economia tem se retraído e o maior desafio atual é o controle da inflação. No ano passado a taxa oficial foi superior a 50%. Para reverter esse quadro o governo aposta na plena implementação da zona de livre comércio — informou a indicada.

O cacau é o principal produto ganense importado pelo Brasil. Por sua vez, o açúcar brasileiro é a principal mercadoria vendida para o país subsaariano, seguido pela carne de frango e hidróxido de alumínio. 

Fatos sobre Gana

Localizado na África Ocidental, a República de Gana é um país que segue um sistema presidencialista e abriga cerca de 32,1 milhões de habitantes. Foi o primeiro país ao sul do deserto do Saara a declarar independência em 1957. Segundo o Itamaraty, o país tornou-se referência para o movimento de descolonização e democratização de nações vizinhas a partir da década de 1990.

As relações diplomáticas entre Brasil e Gana começaram em 1960, quando uma delegação brasileira foi criada na capital, Acra. No ano seguinte, a representação foi elevada à categoria de embaixada.

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Representações cumulativas

Segundo a diplomata, as ações da Embaixada do Brasil com relação a Serra Leoa e Libéria serão guiados por plano de ação da Organização das Nações Unidas (ONU).

— Sobre […] Libéria e Serra Leoa, são dois países de menor desenvolvimento. Com eles o Brasil atua com base no Plano de Ação de Doha, que é um documento de diretrizes das Nações Unidas voltado para acelerar a graduação desses países para o grupo de países em desenvolvimento.

Serra Leoa

Também na África Ocidental, Serra Leoa é uma república presidencialista com 8,3 milhões de habitantes. Ex-colônia britânica, o plano de descolonização do país foi aprovado em 1951 e a independência foi conquistada pacificamente dez anos depois. De acordo com as informações fornecidas pelo Ministério das Relações Exteriores na mensagem enviada à CRE, o período após a independência de Serra Leoa foi marcado pela instabilidade e por governos autocráticos, até que, em 1991, teve início uma guerra civil que duraria até 2002.

O comércio entre Brasil e Serra Leoa totalizou US$ 31,1 milhões em 2023. Entre as exportações destacam-se açúcar, produtos comestíveis e preparações, arroz e despojos de carnes. Entre as mercadorias serra-leonesas importadas estão acessórios de veículos automotivos, minérios e concentrados dos metais de base.

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Libéria

Com 4,5 milhões de habitantes, a República da Libéria adota o sistema presidencialista e se localiza na costa ocidental africana. Criada como colônia em 1822 para receber ex-escravizados dos Estados Unidos, declarou independência em 1847. Segundo o MRE, nas décadas seguintes, o país permaneceu livre do colonialismo europeu, embora fosse economicamente dependente da empresa norte-americana Firestone, proprietária dos seringais do país.

Em 2022, o fluxo comercial com a Libéria totalizou US$ 501,4 milhões, o terceiro maior entre os países da África. Desse total, 99,9% são relativos a exportações brasileiras. Os principais produtos exportados foram derivados de petróleo, carnes de aves e açúcar. Já as importações de mercadorias liberianas foram compostas por óleo bruto de palmiste ou babaçu, seguido pela borracha natural. 

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Biografia

Mariana Madeira graduou-se em relações internacionais em 1993 e em comunicação social em 1998 pela Universidade de Brasília (UnB). Também pela UnB, ela concluiu o mestrado em história em 1997. A indicada ingressou no Instituto Rio Branco, que forma os diplomatas brasileiros, em 1995 e, em 2013, finalizou o Curso de Altos Estudos da instituição. 

Entre 2018 e 2019, ela coordenou a Secretaria de Controle Interno do MRE. Depois disso, atuou como cônsul-geral adjunta em Sydney, na Austrália, de 2019 a 2022. Atualmente, Madeira é coordenadora-geral de cooperação técnica com países desenvolvidos.

CRE

Presidida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional tem, além de tratar dos temas que lhe são relacionados, a incumbência de decidir sobre as indicações do presidente da República para cargos no exterior.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

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POLÍTICA NACIONAL

Após morte de cachorro, projetos buscam estabelecer regras para transporte de animais

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A morte do cachorro Joca, extraviado em voo da companhia aérea Gol, pela qual seu tutor viajava, gerou reação no Senado. Após o ocorrido, dois novos projetos de lei e várias ideias legislativas buscam estabelecer condições e critérios mínimos para o manejo de animais domésticos por empresas de transporte coletivo de passageiros. A intenção, segundo os autores, é evitar que casos como esse se repitam.

Joca, da raça golden retriever, foi encontrado morto por seu tutor, João Fantazzini, no canil da Gol Linhas Aérea, no no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. O animal, que tinha cinco anos, animal, deveria ter sido levado de São Paulo para Sinop, em Mato Grosso, mas por um erro da companhia foi enviado para Fortaleza, no Ceará, onde ficou por horas sem água e comida.

“É necessário que esta Casa, por dever constitucional, tome providências para evitar casos como o do cachorro Joca. O animal perdeu sua vida ao ser enviado para o destino errado pela empresa aérea contratada, despachado de volta a ponto de origem como se fosse uma bagagem extraviada, ignorando o fato de que o cão não suportaria o tempo extra de viagem, desprovido de água, alimentação e condições mínimas de sobrevivência”, disse o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), autor de um dos projetos.

Apresentado em 29 de abril, o PL 1474/2024 trata do transporte e manejo desses animais por empresas de transporte coletivo de passageiros nos modais aéreo, terrestre e também aquaviário. O texto determina que as empresas devem providenciar a aquisição ou adaptação de suas unidades veiculares, com câmaras oxigenadas, iluminadas, com conforto térmico, compartimentos para que os animais se alimentem e tomem água, além de dispositivos ou travas para as caixas  de transporte.

Além disso, o texto obriga as empresas a fornecer uma solução para que o tutor tenha acesso, de forma digital e remota, à localização do animal e à verificação de sinais vitais ao animal. Também terão que contar com os serviços de um veterinário responsável pelo cumprimento das normas e treinamento das tripulações e equipes. O texto estabelece ainda medidas para as caixas de transporte, de acordo com o tamanho do animal. O desrespeito ás regras pode gerar penalidades além das já previstas na legislação de proteção aos animais, como multas, por exemplo.

O projeto será analisado pela Comissão de Meio Ambiente (CMA) e depois pela Comissão de Infraestrutura (CI), onde a decisão é terminativa. Isso significa que, se for aprovado pela CI e não houver recurso para que seja analisado em Plenário, o texto pode seguir diretamente para a Câmara dos Deputados.

Assento extra

O outro projeto sobre o tema (PL 1510/2024), apresentado no dia 30 de abril, é do senador Eduardo Gomes (PL-TO) e trata apenas do transporte de animais de até cinquenta quilos na cabine de passageiros, que será realizado sem a necessidade de contêiner ou dispositivos semelhantes, desde que siga requisitos estabelecidos. Atualmente, as regras variam de acordo com a companhia aérea.

“Sem regulamentação, os padrões de cuidado e as condições em que os animais são transportados podem variar significativamente entre as companhias aéreas e até mesmo entre os voos da mesma empresa. A implementação de diretrizes específicas, com a importante participação da ANAC [Agência Nacional de Aviação Civil] garantirá que os animais sejam transportados em condições adequadas, com espaço suficiente, ventilação adequada e acesso à água e comida, minimizando assim o estresse e o desconforto”, explicou Eduardo Gomes.

Pelo texto, os animais de estimação poderão ser acomodados no piso ou no colo do tutor, desde que não incomode outros passageiros. Também é facultada a venda de um segundo assento vinculado ao bilhete original, ao lado do tutor, para facilitar a acomodação do animal a ser transportado. O transporte será limitado a um único animal de estimação por tutor e a cinco animais por cabine.

Para transportar os animais, os tutores terão que obedecer a algumas regras, como o uso de coleira para todos os cães, além de focinheira para animais de estimação cuja regulamentação assim exija. O animal terá que permanecer todo o tempo junto ao seu tutor, e o transporte pode ser negado caso seja constatada agressividade ou comportamento de risco que comprometa a segurança das pessoas. Além disso, a empresa poderá cobrar uma taxa específica para o transporte dos animais.

O projeto ainda aguarda despacho para as comissões.

Iniciativa popular

Além dos projetos apresentados pelos senadores, cidadãos propuseram, por meio do Portal e-Cidadania, ideias legislativas sobre o tema. As ideias podem ser apresentadas  por qualquer cidadão por meio do Portal e-Cidadania. Caso receba 20 mil apoios de internautas, a ideia é encaminhada como sugestão legislativa para análise da Comissão de Direitos Humanos e Participação Legislativa (CDH) e pode virar um projeto de lei a ser discutido e votado pelos senadores.

Uma das ideias apresentadas prevê a obrigatoriedade de voos específicos para transporte de animais de estimação na cabine. De acordo com a sugestão do cidadão Helder D. O. C, de Mato Grosso, as companhias aéreas em operação no Brasil deveriam designar pelo menos 25% de seus voos para que passageiros possam levar consigo na cabine seus animais de estimação. Ele também sugere a vedação ao transporte de animais vivos no porão das aeronaves.

Já o cidadão Fernando R. M., de São Paulo, sugere o projeto da Lei Joca, de regulamentação do transporte aéreo de animais pela ANAC. Para ele, é preciso estabelecer critérios e padrões claros e unificados de segurança, conforto e cuidados durante o transporte, a fim de evitar novos casos como o do cão extraviado. A cidadã Alyne R. F, de Pernambuco, também sugere a Lei Joca, com a permissão para que animais viajem na cabine, junto aos tutores.

Outra ideia na fase de recebimento de apoios para se tornar sugestão legislativa é da internauta Renata C. F. M, do Distrito Federal. Ela sugere que cachorros e gatos que precisam viajar de avião possam ser levados junto com os tutores dentro da cabine, pois, na visão dela, “são membros da família”. A ideia legislativa prevê, ainda, profissionais para alimentar os animais e treinamento das equipes que trabalham a bordo e nos aeroportos.

Todas as ideias têm prazo até o final de agosto para receber os apoios necessários.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

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