AGRO & NEGÓCIO
Congresso conclui novo modelo de licença ambiental especial e agro vê chance de destravar projetos estratégicos
A criação da Licença Ambiental Especial (LAE) avançou mais uma etapa no Congresso e está pronta para virar lei. O Senado aprovou nesta quarta-feira (03.12) a Medida Provisória 1.308/2025, um dia após o aval da Câmara. A proposta reorganiza pontos do marco do licenciamento ambiental que haviam sido vetados pelo Executivo e restabelece dispositivos considerados essenciais para destravar obras classificadas como estratégicas.
A principal mudança é a criação de um regime diferenciado para empreendimentos considerados estratégicos pelo Executivo. Esses projetos serão definidos por decreto, a partir de uma proposta elaborada pelo Conselho de Governo. Rodovias que funcionam como corredores logísticos prioritários, por exemplo, poderão entrar na lista — um ponto que atraiu atenção do setor produtivo devido ao impacto direto sobre o escoamento da safra.
Apesar da categoria especial, a exigência de base técnica continua. Para acessar a LAE, o empreendedor deverá apresentar EIA e Rima, mantendo a avaliação ambiental tradicional. O que muda é a dinâmica do processo: a análise passa a ter prazo máximo de 12 meses e tratamento preferencial pelos órgãos responsáveis. A ideia, segundo parlamentares que defenderam a medida, é reduzir a fila de projetos que demoram anos para percorrer o caminho do licenciamento.
O texto final também ajusta as regras da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), criada no marco original. A MP amplia o conjunto de empreendimentos que não poderão recorrer ao licenciamento simplificado, como aqueles que exigem supressão de vegetação nativa dependente de autorização específica.
A Frente Parlamentar da Agropecuária comemorou o resultado, argumentando que a nova LAE abre espaço para um ciclo de investimentos em infraestrutura. Mas a recepção mais enfática veio do setor rural organizado.
O presidente da bancada, deputado federal Pedro Lupion, comentou a conclusão do tema no Legislativo. “A LAE é mais uma oportunidade que o Congresso Nacional oferece para tirar do papel os projetos estratégicos que o Brasil precisa para voltar aos trilhos do crescimento, com segurança e preservação ambiental”, comentou em nota.
O presidente do Instituto do Agronegócio (IA) e da Federação dos Engenheiros Agrônomos de Mato Grosso (Feagro-MT), Isan Rezende (foto) afirma que o país vinha convivendo com um descompasso entre produção crescente e obras emperradas.
“Quem vive no campo sabe: a burocracia virou um insumo caro. Quando um projeto estratégico fica parado, toda a cadeia paga a conta — do produtor ao consumidor. A LAE traz um mínimo de previsibilidade e isso já muda o jogo”, disse.
Rezende destaca que prazos definidos reduzem o risco de investimento, algo crucial para um setor que trabalha com margens apertadas e decisões de longo prazo. “O produtor planeja safra, compra insumo, fecha contrato de venda. É impossível fazer tudo isso com estradas destruídas e licenças que se arrastam sem resposta. Quando o Estado se compromete com 12 meses, ele não está criando vantagem — está apenas garantindo um funcionamento mínimo”, afirmou.
Ele também rebate críticas de que a nova modalidade flexibilizaria a proteção ambiental. “Não existe atalho no que diz respeito ao estudo de impacto. EIA e Rima continuam obrigatórios. O que se elimina é o excesso de etapas e idas e vindas que não acrescentavam qualidade à análise. É perfeitamente possível proteger o ambiente e, ao mesmo tempo, dar fluidez a obras essenciais”, completou.
Com a aprovação concluída, equipes técnicas de governos estaduais, municípios e do próprio setor produtivo já começaram a mapear quais projetos podem se enquadrar como estratégicos. A expectativa é que a nova licença ajude a tirar da gaveta intervenções em rodovias, travessias, pontes e corredores logísticos que impactam diretamente o agro — uma agenda antiga para quem depende de estrada para fazer a safra chegar ao porto.
Fonte: Pensar Agro
AGRO & NEGÓCIO
Brasil acelera estratégia para reduzir dependência de fertilizantes
O governo federal voltou a colocar a produção doméstica de fertilizantes no centro da agenda estratégica do agronegócio. Com a demanda projetada para saltar das atuais 45 milhões de toneladas para 77 milhões até 2050, o país tenta, pela primeira vez em décadas, reverter o quadro de forte dependência externa — hoje na casa de 90%.
A meta estabelecida pelo Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) é ambiciosa: reduzir esse percentual para cerca de 50% nas próximas duas décadas, em linha com a expansão da área cultivada e da intensificação produtiva que tendem a marcar o agronegócio brasileiro no longo prazo.
As projeções foram reforçadas por Paulo Cesar Teixeira, pesquisador da Embrapa Solos, durante o lançamento do estudo “Petroquímica e Fertilizantes no Rio de Janeiro 2025”, elaborado pela Firjan. Segundo ele, o PNF funciona como um marco orientador após anos em que a indústria nacional perdeu espaço. “É o ponto de virada. Houve, no passado, uma escolha de não priorizar a produção interna, mas o cenário mudou. A segurança alimentar global e a competitividade do agro exigem uma indústria forte”, afirmou.
O debate ganha força justamente porque o fertilizante é um dos insumos mais sensíveis da cadeia produtiva: pesa diretamente no custo de produção, define níveis de produtividade e está sujeito à volatilidade geopolítica. A crise internacional de 2022, marcada pela guerra no Leste Europeu, expôs essa fragilidade ao elevar preços e pressionar margens de produtores no Brasil.
Um dos caminhos para escapar do risco estrutural é ampliar a base de produção em estados considerados estratégicos — caso do Rio de Janeiro, que reúne uma das maiores ofertas de gás natural do país. O insumo é fundamental para a produção de nitrogenados. Bernardo Silva, diretor-executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes, avalia que o estado tem condições de ser um polo relevante para essa reindustrialização. “O Rio possui infraestrutura, setor energético robusto e capacidade instalada que pode ser reativada ou expandida”, disse.
Além da redução da dependência externa, há um ganho ambiental relevante. De acordo com Thiago Dahdah, diretor de Política de Financiamento ao Setor Agropecuário do Mapa, o potássio importado chega ao país com uma pegada de carbono mais de 90% maior, consequência direta do transporte de longas distâncias por navios e rotas logísticas complexas. “Produzir aqui significa diminuir emissões e reduzir gargalos logísticos. É segurança para a cadeia e previsibilidade para os produtores”, destacou.
A consolidação do PNF, somada ao avanço da petroquímica e a novos investimentos privados previstos para o setor, indica que o país começa a reposicionar sua indústria de fertilizantes após décadas de retração. Para o produtor rural, a mudança tende a significar menor vulnerabilidade a choques internacionais, custos mais estáveis e maior competitividade no campo — elementos essenciais para sustentar o crescimento do agronegócio brasileiro nos próximos 25 anos.
Fonte: Pensar Agro
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