BRASIL E MUNDO
Agricultores franceses protestam massivamente contra acordo UE-Mercosul

Em um cenário que remete a mobilizações anteriores, os campos de Paris voltaram a ser tomados por tratores agrícolas nesta terça-feira (14), com agricultores franceses expressando veementemente sua oposição ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. O protesto, que reuniu centenas de manifestantes e suas máquinas, marchou da Esplanada dos Inválidos até a icônica Torre Eiffel, marcando a segunda grande manifestação do setor em menos de um mês.
Convocada pela Confederação Camponesa, o terceiro maior sindicato agrícola da França, a mobilização ocorre em um momento crucial, com o tratado em fase de ratificação e prestes a ser examinado pelo Conselho Europeu. Cartazes como “Não ao Mercosul” e “Mercosul: morte certa” deixaram clara a insatisfação dos agricultores, que pedem ao presidente Emmanuel Macron que honre sua promessa de proteger a agricultura nacional.
“Soberania alimentar em risco”
A Confederação Camponesa, apoiada por diversas associações e coletivos, argumenta que o acordo comprometerá a soberania alimentar da França. Stéphane Galais, porta-voz da Confederação, ressaltou durante o Encontro da Pecuária, na região de Auvergne, que o tratado “vai desestruturar nossa soberania alimentar, que promove a concorrência e, portanto, a política do menor custo”.
Os agricultores também levantam preocupações sobre a concorrência desleal, apontando que países do Mercosul, como Brasil e Argentina, utilizam pesticidas e antibióticos proibidos nas nações europeias. “Num momento em que os desafios climáticos nunca foram tão urgentes, como ainda se pode defender a troca de carros e serviços por nossa alimentação?”, questionou Galais, criticando a lógica por trás do pacto.
Macron e a contradição
A posição do presidente Emmanuel Macron tem sido um ponto de controvérsia. Em fevereiro de 2025, durante o Salão da Agricultura, ele chegou a classificar o acordo como “um texto ruim”, prometendo “fazer tudo para impedir seu avanço”. Contudo, após a visita do presidente brasileiro Lula da Silva a Paris em junho, Macron sinalizou disposição para assinar o acordo até o fim de 2025, desde que certas condições fossem atendidas. A falta de um pronunciamento presidencial recente, após os últimos anúncios da Comissão Europeia, aumenta a incerteza e a frustração dos manifestantes.
O acordo, negociado por mais de duas décadas e assinado no final de 2024, prevê a facilitação da exportação de produtos europeus como automóveis, máquinas e vinhos, em troca da redução de tarifas alfandegárias para itens do Mercosul, como carne bovina, frango, açúcar e mel. Para a Confederação Camponesa, nem mesmo as “cláusulas de salvaguarda” ou as chamadas “cláusulas espelho milagrosas” seriam suficientes para equilibrar as perdas que o setor agrícola francês prevê.
A escolha da data do protesto não foi aleatória; ela coincidiu com o julgamento de dois militantes sindicais da Confederação Camponesa no Tribunal Judicial de Paris, acusados de “violência e rebelião” durante uma manifestação anterior contra representantes do comércio de cereais. Enquanto isso, o principal sindicato agrícola, FNSEA-Jovens Agricultores, já havia protestado contra o acordo no final de setembro, demonstrando a ampla rejeição ao tratado dentro da comunidade agrícola francesa.

BRASIL E MUNDO
Grécia aprova jornada de trabalho de 13 horas diárias: medida gera polêmica e preocupação entre trabalhadores

O Parlamento grego aprovou, na quinta-feira (16), uma lei que permite aos trabalhadores cumprir jornadas de até 13 horas diárias para o mesmo empregador. A medida, apresentada como opcional e voluntária, e prometendo aumento salarial pelas horas adicionais à jornada legal de oito horas, tem gerado forte debate e preocupação no país.
A nova legislação, apesar de ser vendida como uma flexibilização para atender demandas específicas, levanta temores significativos entre a classe trabalhadora, especialmente aqueles em condições mais vulneráveis. Muitos expressam apreensão de que serão compelidos a aceitar horários exaustivos sob a ameaça de perderem seus empregos, descaracterizando a suposta “voluntariedade” da proposta.
Após uma década de crise econômica que dizimou os salários no país, colocando-os entre os mais baixos da União Europeia, a perspectiva de jornadas estendidas é vista com ceticismo. Apostolis Steropoulos, um profissional da educação, reflete o sentimento de muitos: “Hoje em dia, que ser humano razoável – a menos que seja produto de inteligência artificial – gostaria de trabalhar 13 horas por dia? Em 1886, houve greves em Chicago para obter a jornada de 8 horas. E dois séculos depois, estamos regredindo.”
A lei, que contou com o apoio do governo conservador e da maioria dos parlamentares de direita, foi alvo de veementes críticas por parte de sindicatos e partidos de esquerda. A oposição classificou a medida como uma “verdadeira Era das Trevas do trabalho”, uma “monstruosidade legislativa” que ataca direitos fundamentais dos trabalhadores. O partido Syriza, principal força de esquerda, optou por não participar da votação em protesto, com seu porta-voz, Christos Giannoulis, denunciando a “desregulamentação do trabalho”. O líder do partido, Sokratis Famellos, foi ainda mais contundente, afirmando que o governo está “estabelecendo uma verdadeira Idade Média do trabalho”.
A Grécia já havia sido palco de duas greves gerais recentes em resposta a essa reforma trabalhista. Em um contexto onde a economia mostra sinais de recuperação pós-crise, mas os salários continuam deprimidos, a possibilidade de trabalhar 13 horas já existia, mas restrita àqueles com múltiplos empregadores. A nova lei estende essa permissão para um único contratante, reacendendo o debate sobre as condições de trabalho e os direitos laborais no país.
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