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Sustentabilidade e legado: o futuro das empresas familiares

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Por Cristhiane Brandão

As empresas familiares nasceram de histórias, valores e propósitos que se confundem com a identidade de quem as criou. Foram erguidas com trabalho, confiança e visão de futuro. Mas o futuro, agora, exige uma nova leitura desse legado. Sustentabilidade deixou de ser apenas um conceito ligado ao meio ambiente ou à imagem institucional. É, hoje, uma questão de sobrevivência, continuidade e oportunidade.

Para as empresas familiares, compreender isso é decidir se o legado deixará marcas no tempo ou ficará preso ao passado. O debate sobre sustentabilidade ganha força no Brasil neste mês com a realização da COP30, em Belém, que reúne lideranças de todo o mundo para discutir as urgências climáticas e econômicas do planeta. A presença do país como anfitrião reforça um chamado: não há mais espaço para modelos empresariais que ignorem o impacto de suas ações.

Esse debate inclui as empresas familiares, que representam mais de 90% dos negócios brasileiros e são responsáveis por grande parte da geração de empregos e da movimentação da economia. De acordo com levantamento da Amcham Brasil, 71% das empresas brasileiras já adotam práticas ESG, um crescimento expressivo em relação ao ano anterior. Outro estudo, da OCDE, mostra que 70% das companhias listadas no país reconhecem a mudança climática como um risco financeiro relevante.

A sustentabilidade, portanto, deixou de ser uma agenda periférica para ocupar o centro da gestão estratégica, da governança e da longevidade dos negócios. Em se tratando de empresas familiares, essa é uma mudança de paradigma. A pauta ambiental, social e de governança entra na mesma mesa em que se discute sucessão, valores e propósito. Falar sobre sustentabilidade é, na prática, falar sobre o futuro da família.

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Quando uma família empresária decide incluir metas ambientais, revisar práticas trabalhistas, mapear impactos e promover a transparência, está, na verdade, garantindo que sua história siga relevante nas próximas gerações. Alguns exemplos brasileiros mostram que isso é possível. A Amaggi, fundada pela família Maggi em Mato Grosso, tornou-se uma das maiores do agronegócio mundial sem se afastar de suas raízes familiares. Sob a liderança da nova geração, investe em rastreabilidade da cadeia, conservação de biomas e desenvolvimento das comunidades onde atua, mostrando que tradição e inovação podem caminhar juntas com propósito.

A Cia. Hering, uma das mais tradicionais empresas familiares brasileiras, também vem se reposicionando de forma inequívoca ao adotar práticas de moda sustentável e conquistar certificações que atestam seu compromisso ambiental e social. Desde 2012, com o programa “Moda Sustentável”, a empresa monitora fornecedores, reduz consumo de água e resíduos, investe em algodão orgânico e energia renovável. A nova geração familiar, que hoje participa ativamente da gestão, tem impulsionado essa transformação, colocando a agenda de sustentabilidade no centro da sucessão e reforçando que legado e inovação caminham juntos.

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O exemplo dessas trajetórias ensina que sustentabilidade e tradição não se opõem; elas, na verdade, se fortalecem. A solidez dos valores familiares deve ser o alicerce para uma nova etapa de crescimento e conexão com o mundo. Sustentabilidade é estratégia, é gestão de risco e é também a oportunidade de construir um legado mais humano, coerente e inspirador. Quando a governança familiar se abre para esse diálogo, ela deixa de olhar apenas para o que se quer preservar e passa a pensar também no que se quer transformar.

A pergunta que se impõe, portanto, é simples e profunda: o que a sua empresa familiar quer deixar para as próximas gerações? Um negócio apenas rentável ou uma história que inspire e perdure? A resposta talvez esteja em algo que sempre guiou os empreendedores familiares, a capacidade de ler os sinais do tempo e agir com propósito.

Sustentabilidade não é o oposto do lucro. É a nova forma de garantir que ele continue existindo. E, neste momento em que o Brasil sedia a COP30 e o mundo volta os olhos para o impacto das decisões locais sobre o planeta, as empresas familiares têm a chance de mostrar que o legado que constroem pode, de fato, transformar-se em um legado para o futuro.

Cristhiane Brandão é conselheira de Administração, Consultora em Governança para Empresas Familiares, Mentora de Negócios Familiares e  Vice-Coordenadora Geral do Núcleo Centro-Oeste do IBGC.

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Descontos indevidos em benefícios previdenciários: o que fazer e como se proteger

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Por Elziany Pinto

Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais comum o relato de aposentados e pensionistas que, ao consultar o extrato de pagamento do INSS, percebem descontos indevidos em seus benefícios. Em muitos casos, os valores se referem a empréstimos consignados, mensalidades associativas ou seguros não contratados, surpreendendo o segurado — e comprometendo uma renda que, muitas vezes, é a única fonte de sustento da família.

Como identificar um desconto indevido

O primeiro passo é acompanhar mensalmente o extrato de pagamento do benefício, disponível no site ou aplicativo Meu INSS, na opção “Extrato de Pagamento”.

Caso apareçam siglas desconhecidas, como associações, sindicatos, cooperativas ou bancos, é importante verificar se o desconto realmente corresponde a um serviço ou contrato que o segurado reconhece ter feito.

Entre os casos mais comuns estão:

  • Empréstimos consignados fraudulentos (contratados sem autorização);
  • Contribuições associativas ou sindicais sem filiação;
  • Seguros e clubes de benefícios não solicitados;
  • Taxas administrativas não previstas em contrato.

O que diz a lei

A legislação previdenciária é clara: nenhum desconto pode ser feito sem autorização expressa do beneficiário.

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O artigo 115 da Lei nº 8.213/91 estabelece que apenas determinados descontos podem incidir sobre o benefício, como contribuição à Previdência, pensão alimentícia ou empréstimos consignados formalmente autorizados pelo titular.

Além disso, o Código de Defesa do Consumidor protege o segurado contra cobranças indevidas, permitindo a restituição em dobro dos valores descontados, conforme o artigo 42, parágrafo único.

O que fazer ao identificar um desconto irregular

  1. Registrar uma reclamação no INSS, solicitando o bloqueio de novos descontos e o reembolso dos valores já retirados.
  2. Entrar em contato com a instituição responsável pelo débito para solicitar cópia do suposto contrato.
  3. Caso o problema não seja resolvido administrativamente, procurar um advogado especializado em Direito Previdenciário para ajuizar uma ação de restituição de valores e indenização por danos morais.

Em situações de fraude, o segurado pode ainda registrar boletim de ocorrência e comunicar o caso ao Banco Central, por meio do portal Registrato, que permite verificar empréstimos e consignações ativas.

Como se prevenir

A prevenção ainda é a melhor forma de proteção. Algumas medidas simples podem evitar grandes prejuízos:

  • Não fornecer dados pessoais por telefone ou mensagem;
  • Evitar intermediários que prometem “vantagens” ou “aumento de benefício”;
  • Bloquear o benefício para empréstimos consignados — opção disponível no Meu INSS;
  • Consultar periodicamente o extrato bancário e o histórico de consignações.
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Os descontos indevidos em benefícios previdenciários são, infelizmente, uma realidade frequente — mas a informação é a principal arma do segurado.

Ficar atento, conhecer seus direitos e buscar orientação jurídica qualificada faz toda a diferença para garantir que o benefício previdenciário cumpra seu papel: assegurar dignidade e tranquilidade a quem dedicou anos de trabalho ao país.

Elziany Aparecida Pinto é advogada em Cuiabá/MT.

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