Saúde
O que se sabe sobre varíola dos macacos, agora detectada no Brasil


O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil foi confirmado ontem, em um paciente na cidade de São Paulo. Trata-se de um homem de 41 anos que veio da Espanha e está em isolamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista.
Em nota, a secretaria de Saúde de São Paulo não confirma o diagnóstico e diz que as amostras ainda estão em análise pelo Instituto Adolfo Lutz, referência em sequenciamento genômico. O estado confirma passagens suas recentes por Portugal e Espanha e informa se está rastreando seus contatos, em colaboração com o município.
O documento diz que o paciente teve dor no corpo e febre, em 28 de maio, mas não traz mais informações sobre seu estado de saúde, viagens prévias nem rastreio de contatos. Fontes ligadas ao Palácio dos Bandeirantes, contudo, informam que o caso está confirmado.
Para o infectologista Julio Croda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), a confirmação do caso no país não é uma surpresa. Em algum momento, esse vírus seria confirmado no Brasil. Era apenas questão de tempo — diz Croda.
O médico e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ressalta que o mais importante nesse momento é garantir que todos os contatos do paciente infectado sejam rastreados.
“A investigação de contatos deve ser feita na suspeita do caso, não após a confirmação. Caso isso não tenha acontecido, é preciso fazer uma busca ativa dessas pessoas, investigar a presença de sintomas suspeitos da doença e, se necessário isolá-las e coletar material para confirmação”, explica o infectologista.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) elaborou uma série de recomendações a serem adotadas nas unidades da saúde do país para lidar com casos suspeitos da varíola dos macacos, a monkeypox. As orientações têm por objetivo prevenir e evitar a propagação da enfermidade no território nacional. O órgão pede o isolamento de pacientes suspeitos de infecção pela doença e uso de máscaras por quem teve contato com ele.
Os sinais de alerta são dor de cabeça, febre, calafrios, dor de garganta e mal-estar, além de fadiga, lesões maculopapulares na pele, um tipo de erupção cutânea, e linfadenopatia, que é o aumento de tamanho de linfonodos no pescoço. A temperatura de pessoas que tiveram contato com pacientes infectados deve ser aferida duas vezes por dia.
No caso de profissionais de saúde, recomenda a adoção de Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo para evitar exposição a sangue, fluidos e secreções corporais. Além disso, a precaução também envolve a necessidade de higienização das mãos, de desinfecção de instrumentos médicos e limpeza de superfícies em ambiente hospitalar.
Caso haja um diagnóstico positivo, a orientação é rastrear e identificar as pessoas, incluindo trabalhadores, que estiveram com o paciente. Uma vez identificadas, elas devem ser monitoradas a cada 24 horas durante 21 dias com o objetivo de se verificar a presença de sintomas da varíola dos macacos. O fechamento do diagnóstico passa por excluir outras doenças, como catapora, sarampo, infecções bacterianas da pele, escabiose, sífilis e reações alérgicas.
Outros cinco casos suspeitos estão em investigação no Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rondônia. Um caso suspeito, que havia sido notificado no Ceará, foi descartado.
Segundo Croda, a varíola dos macacos tem baixa taxa de contágio e baixa letalidade. Segundo pesquisador, para que a transmissão ocorra, é preciso ter uma exposição prolongada, com contato íntimo ou muito próximo
“É totalmente diferente da Covid-19. As medidas de isolamento são muito mais efetivas, a chance de controlar a doença é maior e seu impacto potencial é muito menor”, diz o presidente da SBMT.
Principais características da doença
A varíola dos macacos é uma zoonose silvestre, ou seja, uma doença infecciosa que passa de animais para humanos. Ela é causada pelo vírus que leva o mesmo nome (varíola dos macacos) e pertence à família dos orthopoxvírus.
Embora o nome remeta aos macacos, os primatas não são os hospedeiros principais do vírus monkeypox. A suspeita é que os reservatórios primários sejam roedores silvestres africanos.
A infecção é semelhante à varíola humana (smallpox) — única doença erradicada no mundo —, mas muito mais leve. Para fator de comparação, a taxa de mortalidade da varíola era de 30% enquanto para a varíola dos macacos varia de 1% a 10%. Existem duas variantes da doença, conhecidas como África Ocidental e África Central. A primeira, associada ao surto atual, é mais leve, com taxa de mortalidade de cerca de 1%. Para a segunda, o índice é de 10%.
A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, em macacos de um laboratório em Copenhagen, na Dinamarca. O primeiro caso em humanos foi registrado em 1970, na República Democrática do Congo, durante um período de intensificação dos esforços para eliminar a varíola. Desde então, a doença foi relatada em pessoas em outros países da África Central e Ocidental, onde é considerada endêmica.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), Monkeypox a transmissão da doença entre seres humanos não é muito frequente. Ao menos, não era, até o surto atual. Ela ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
Ainda não está claro o que está por trás desse surto mundial da doença. Até o ano passado, era incomum o relato de casos fora da África e quando isso acontecia, em geral estava associado a viagens a países onde a doença é endêmica. Até a última segunda-feira, 780 casos de varíola dos macacos foram confirmados em 27 países onde o vírus não é endêmico. Segundo o órgão, esse número é subestimado devido à limitação de informações epidemiológicas e de laboratório. O nível de risco global é moderado.
“Embora o risco para a saúde humana e para o público em geral continue sendo baixo, o risco para a saúde pública pode ser elevado se o vírus conseguir se estabelecer em países não endêmicos como patógeno humano generalizado”, disse a organização, em comunicado.
O período de incubação do vírus – intervalo desde a infecção até o início dos sintomas – geralmente é de 6 a 13 dias, mas pode chegar a até 21 dias. Os sintomas iniciais da varíola dos macacos são febre, dores musculares, cansaço e linfonodos inchados. As lesões cutâneas, principal característica da doença, aparecem em um momento secundário. Na maioria dos casos, a doença é leve e os sintomas desaparecem sozinhos dentro de duas a três semanas. Casos graves são raros, mas podem acontecer em especial em bebês de até seis meses de idade, gestantes, idosos e pessoas com imunossupressão.
As complicações podem ocorrer principalmente devido a infecções bacterianas secundárias, que podem evoluir para sepse e morte ou disseminação do vírus para o sistema nervoso central, gerando encefalite, que pode ter sequelas sérias ou levar ao óbito.
Os medicamentos existentes para o tratamento da varíola não estão disponíveis para comercialização no Brasil. Remédios como brincidofovir, tecovirimat e cidofovir não têm aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que impede o seu uso e venda no país. Por isso, o tratamento é principalmente sintomático.
Há duas linhas de prevenção da doença: manter os cuidados pessoais, como lavar as mãos, evitar contato com pessoas infectadas e isolar os casos suspeitos; e a vacina. Dados mostram que os imunizantes utilizados para erradicar a varíola tradicional, em 1980, são até 85% eficazes contra essa versão. No Brasil, a imunização de rotina para a varíola cessou em 1973, segundo informações do Ministério da Saúde. Embora ninguém saiba quanto tempo a proteção gerada pela vacina permanece, especialistas acreditam que pessoas vacinadas estejam ao menos parcialmente protegidas.
Alguns países da Europa e Estados Unidos já começaram a vacinar profissionais de saúde e pessoas que tiveram contato com casos confirmados. Se aplicada até quatro dias após o contato, a vacinação pós-exposição pode reduzir o risco de desenvolvimento da doença. Após esse período, ela ainda pode evitar a evolução para casos graves. O principal imunizante utilizado atualmente é uma vacina fabricada pela empresa dinamarquesa Bavarian Nordic. Nos EUA, ela foi aprovada em 2019 para prevenir tanto a varíola quanto a varíola dos macacos.
Na Europa, o mesmo imunizante ganhou aval apenas contra a varíola. Mas o uso off label contra o vírus monkeypox está liberado para conter o surto atual.
O ideal, seria o Brasil também iniciar a vacinação de profissionais de saúde que tiveram contato com pacientes infectados. Entretanto, o país não tem doses armazenadas nem produção da vacina.
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Saúde
Cachorro é diagnosticado com varíola dos macacos na França


Um cachorro foi infectado pela varíola dos macacos na França. Um estudo publicado na revista científica “The Lancet” apresentou o caso e informou que o animal provavelmente contraiu a doença de seus donos, que também testaram positivo para o vírus.
Os tutores do cachorro são um casal homossexual que não tem uma relação monogâmica, ou seja, tem um relacionamento aberto. O animal dormia com os donos e começou a ter as lesões cutâneas 12 dias após o casal. Os sintomas foram feridas no abdômen e uma ulceração anal fina.
Segundo os cientistas, o animal macho de quatro anos de idade foi realmente infectado pelo vírus dos donos. A análise deu 100% de compatibilidade com o vírus dos humanos.
Além do cachorro, apenas animais selvagens (roedores e primatas) foram vetores de transmissão do vírus monkeypox e, até então, o vírus não havia sido identificado em um animal doméstico.
Segundo a Lancet, os donos não deixaram que o cão tivesse contato com outros animais ou pessoas desde quando eles testaram positivo para a varíola.
O estudo concluiu que “a cinética do início dos sintomas em ambos os pacientes e, subsequentemente, em seu cão sugere a transmissão do vírus da varíola do macaco de humano para cão”.
“Nossas descobertas devem estimular o debate sobre a necessidade de isolar animais de estimação de indivíduos positivos para o vírus da varíola do macaco”, finalizam os cientistas.
Fonte: IG SAÚDE
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