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Morre aos 86 anos Lourenço Ferreira Mendes, ícone da cultura pantaneira e guardião do Cururu em Mato Grosso

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Foto: Joner Campos | Cáceres Notícias

Por João Arruda | Cáceres

Faleceu na madrugada deste sábado (14.02), em Cáceres (MT), aos 86 anos, o mestre Lourenço da Guia Ferreira Mendes, símbolo da cultura pantaneira e um dos últimos grandes expoentes do Cururu. O artista vinha enfrentando complicações de saúde há algum tempo, mas sua partida deixa um legado imensurável para a identidade cultural do estado.

Nascido e criado em Cáceres, Lourenço dedicou-se desde a juventude à arte tradicional pantaneira. Após servir ao Exército Brasileiro, consolidou-se como artesão, confeccionando violas de cocho, ganzás (instrumentos de percussão feitos de taquara) e utensílios como gamelas, peneiras e remos, técnicas aprendidas com os pais. Sua genialidade, porém, transcendia o artesanato: trovador nato, improvisava versos com maestria, tornando-se referência nas rodas de Cururu, manifestação cultural introduzida por jesuítas no século XVIII e enraizada nas expedições monçoeiras que colonizaram a região.

Reconhecido tardiamente por pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Lourenço transformou-se em mestre-educador, ministrando oficinas para dezenas de jovens. Ele não apenas ensinava a confecção de instrumentos, mas também transmitia histórias, versos e o valor da preservação da cultura pantaneira. Entre suas contribuições marcantes está a construção de uma canoa esculpida manualmente em madeira de Ximbúva, doada à Secretaria de Meio Ambiente e Cultura de Cáceres (Sematur) como testemunho de sua habilidade ancestral.

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Em entrevista ao programa *Jornal da Manhã*, o historiador Sandro Miguel de Paula, especialista em cultura pantaneira, homenageou o mestre, recitando trovas improvisadas por Lourenço e pelo já falecido cururueiro poconeano João Alves. “Foi uma despedida emocionante. Sandro capturou a essência do legado de Lourenço, celebrando sua vida enquanto ainda estava entre nós”, relembrou o âncora Ronnie Garcia.

Sandro, em contato com a reportagem, lamentou a perda irreparável: “A cultura pantaneira perde seu maior guardião. A lacuna deixada por Lourenço jamais será preenchida. Sua ausência física é um chamado para que preservemos sua obra com ainda mais vigor”.

Lourenço será sepultado às 16h deste sábado no jazigo da família em Cáceres. Sua morte encerra um capítulo, mas sua voz ecoará nas violas, nas trovas e nas memórias de quem lutará para manter viva a chama do Cururu e das tradições que ele tão apaixonadamente defendeu.

João Arruda é jornalista em Cáceres

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Coronel Alex Jesus Soares deixa comando em Cáceres para missão internacional 

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Por João Arruda | Cáceres

O Coronel Alex Jesus Soares, atualmente à frente do comando do Exército Brasileiro na área de fronteira em Cáceres (a 210 km de Cuiabá), está de partida para uma importante missão internacional. Ele deixará seu posto em 1º de dezembro deste ano, após ser designado por seu Escalão Superior para um intercâmbio de dois anos junto ao Exército Sul-Coreano, em Seul, capital da Coreia do Sul, a partir de janeiro próximo.

Durante sua gestão no estratégico 66º Batalhão de Infantaria Motorizada, conhecido na região como 2º Batalhão de Fronteira, o Coronel Alex Jesus implementou inúmeras ações, contando com o apoio de seu comandante imediato, General Luiz Duarte Figueiredo Neto, e de seus subordinados. Na esfera operacional, destacou-se pela atuação conjunta com diversas forças de segurança, como as Polícias Federal, Rodoviária, Civil, Gefron, Militar, a Marinha do Brasil e a Polícia Ambiental, além de outros órgãos responsáveis pela vigilância e segurança pública na vasta região oeste de Mato Grosso.

No âmbito social, o Coronel Soares ampliou significativamente a rede de apoio a entidades afins, reafirmando parcerias com a rede municipal de ensino. Sua atenção especial foi dada às três Escolas Cívico-Militares de Cáceres: Frei Ambrósio, Senador Mário Motta e Ana Maria das Graças Noronha. Além disso, o Batalhão, em parceria com a Fundação Vicente Lenilson, desenvolve atividades semanais em sua área olímpica, com o objetivo de revelar futuros talentos do atletismo brasileiro. Os resultados dessa iniciativa já começam a aparecer, com atletas de Cáceres, em especial da Escola Estadual Cívico-Militar Mário Motta, conquistando diversas medalhas em jogos estaduais e no campeonato nacional recentemente encerrado em Uberlândia, Minas Gerais.

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Com uma carreira militar já laureada, o Coronel Alex Jesus levará para o outro lado do mundo suas experiências acumuladas. Entre 2007 e 2009, ele participou da Missão de Paz no Haiti, na América Central, e em 2010, esteve na África do Sul, onde realizou um curso para o Estado-Maior junto às Forças Armadas daquele país. Fluente em inglês, francês e creole (o segundo idioma do Haiti), ele agora parte para Seul com o objetivo de aprofundar ainda mais seus conhecimentos e expandir suas vivências. Natural de Tucuruí, no Pará, o Coronel Alex passou a infância e parte da adolescência em terras pantaneiras, em Araputanga (MT) e Corumbá (MS).

Homenagem da Câmara Municipal de Cáceres

Em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade cacerense, o presidente da Câmara Municipal de Cáceres, Flávio Negação (MDB), e os demais vereadores aprovaram, por unanimidade, a concessão do título de Cidadão Cacerense ao Coronel Alex Jesus Soares.

Durante a concorrida sessão de homenagem, o Coronel Alex Jesus demonstrou, em seu pronunciamento, um vasto conhecimento sobre as origens de Cáceres. Ele rememorou a elevação da localidade à categoria de Vila Maria do Paraguai em 6 de outubro de 1778, destacando seu papel estratégico para a expansão do domínio brasileiro na fronteira oeste, além de sua importância como polo de desenvolvimento econômico e social.

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O oficial ressaltou ainda a presença do Exército Brasileiro como fundamental para garantir a soberania do território nacional. Ao final de sua fala, visivelmente emocionado, o Coronel bradou: “Me sinto muito honrado com essa concessão de cidadania, e enfim, por bradar de plenos pulmões, desde agora e para sempre posso dizer com muito respeito e orgulho: sou Bugre pantaneiro!”, ecoando a autodenominação dos cacerenses natos.

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