A permanência de “brancos” em território demarcado provocou a ira dos kaingangue, povo indígena da região sul do país, culminando com a expulsão de milhares de colonos daquela reserva.

Os governos federal e estadual (RS), no afã de resolver o problema, criaram mecanismos de assentamento de famílias em outras áreas da federação. O motivo principal era a inviabilidade de acomodar tanta gente em seu Estado de origem. A saída encontrada foi o deslocamento do grande contingente à região norte mato-grossense. O governo federal, usando de seus poderes constituídos, credenciou a COOPERCANA – Cooperativa Agropecuária Mista Canarana Limitada, para executar a tarefa de translado da gente gaúcha. O presidente da Coopercana era o próprio Schwantes, que tinha na vice-presidência o Sr. Pedro Ross. O primeiro representava a cooperativa junto ao Incra, Banco do Brasil e órgãos oficiais, enquanto que a Pedro Ross coube o trabalho de organização.

Iniciou-se então a marcha migratória, milhares de quilômetros foram percorridos. As famílias sulistas deixaram para trás suas raízes, trazendo um pouco de sua cultura regional, que certamente, no futuro, iria mesclar-se à outra, para virem a ter, em plena selva amazônica, uma nova vida. Eram todas as pessoas afeitas às lidas agrícolas e pecuárias. A cooperativa determinou que cada família recebesse lotes urbanos e rurais, como forma de incentivo aos pioneiros e pretendendo-se com isto a permanência dos povoadores na terra.

O desbravamento efetivo ocorreu a partir de 1979-1980. As primeiras famílias assentadas dedicaram-se a agricultura de subsistência, apesar das dificuldades de acesso. A BR 163 estava em fase de execução, e a falta de se regular os meios de escoamento de safras desestimulou o povo agricultor. Um fato mudou toda a trajetória história do lugar: o descobrimento de ouro. Pessoas afeitas à lavoura e que nunca tinham visto uma pepita de ouro, a não ser no cinema, a não ser de “ouvir contar”, tornaram-se garimpeiras da noite para o dia. As adversidades da lavoura eram muitas, e um dia de sorte no garimpo poderia significar a redenção financeira. Desta forma, a grande maioria dos homens loiros e olhos azuis não tiveram dúvida. Deitou a mão à bateia. Entregaram-se de corpo e alma à nova atividade. O solo rico em ouro tornou-se a principal fonte de renda do povoado. Corruptela garimpeiras pipocavam nos mais diversos lugares, graças a facilidade de se encontrar o precioso metal. 

Dos primitivos colonizadores gaúchos pouca gente restou. A maioria deixou a região, ficando poucos remanescentes. A maioria das famílias que deram estabilidade social e econômica veio por conta própria, a procura de melhores condições de vida. São oriundos dos Estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Por muito tempo o lugar ficou conhecido como Vila Guarita, que cresceu de forma impressionante, ensejando pela comunidade a sua emancipação. A Lei nº. 5.899, de 19 de dezembro de 1991, de autoria do deputado Lincoln Saggin, e sancionada pelo governador Jayme Campos, criou o município:

Artigo 1º – Fica criado o município de Nova Guarita, com território desmembrado dos municípios de Terra Nova do Norte, Colíder e Peixoto de Azevedo”. Por ocasião das eleições municipais de 03 de outubro de 1993, o Sr. Aloir José Luke foi eleito primeiro prefeito municipal, tendo na vice o sr. Cláudio Goulart. 

SIGNIFICADO DO NOME

A denominação da localidade é homenagem à cidade de Guarita, no Rio Grande do Sul, região de origem de muitos dos pioneiros que escolheram essa porção de Mato Grosso para se estabelecerem, ainda na década de 1970.

VEJA AQUI DADOS DO IBGE SOBRE O MUNICÍPIO DE NOVA GUARITA